Terminamos mais um ano, e logo, entramos num novo
ano, sem mesmo se dá um descansinho para o marcador de Tempo, quem sabe um
intervalo entre um ano que se termina e um ano que se começa. Seria
interessante alguns dias sem datas, apenas para se dá descanso ao marcador de
Tempo, para que o Tempo tirasse umas férias, fosse viajar, pudesse retorna ao
passado numa atitude saudosista, ou então, fazer planos para o próximo ano.
É interessante como nós humanos temos a
necessidade de marcar o Tempo, e quase sempre foi assim. Aqui de memória, sem
nenhuma consulta bibliográfica, lembro-me dos calendários gregoriano, maia,
asteca, judeu, islâmico; são tantos...
Cada qual foi modificando a datação do tempo,
ajustando a sua revelia para atender suas necessidades, ou para se perpetuar no
tempo, como fizeram os imperadores romanos. Não interessa os porquês, ou as
causas, de tanta modificação na datação do tempo, mas uma coisa é certa, marcar
o tempo foi uma necessidade da civilização humana.
Nossos ancestrais, os primeiros agricultores, ao
instalarem os primeiros agrupamentos sedentários já sentiram a necessidade de
marcar o tempo: data de plantio, data de amadurecimento, data da colheita,
fases da lua, estações do ano, e quem se esqueceria de marcar o tempo em que o
aluvião dos rios Nilo, Tigre e Eufrates no antigo Fértil Crescente chegaria,
levando nutrientes e armazenando água para o período seco? E quem se esqueceria
de marcar o tempo do nascimento, ou da morte?
E se o ano não começasse no 1º de janeiro, mas em
algum outro dia 1º? Ou quem sabe se o ano começasse no dia que completamos ano?
Pois é certo que o ano novo para cada um de nós começa realmente quando
completamos mais um ano de vida.
No meio de tantas indagações sobre essa tal
datação do Tempo, e para não perdemos o pouco juízo que nos resta nesta época,
podemos ter certeza que essa datação tão tradicional, apesar de tantos contras,
de tanto tempo perdido na busca de uma homogeneidade na busca de marcação do
tempo, tem lá suas vantagens neste nosso mundinho globalizado, cada vez mais
conectado.
Transações comerciais e diplomáticas, guerras, tratados
de paz, fechamentos de negócios, são marcados a partir dessa datação universal.
Mas, no entanto, corremos o risco de esquecemos dos outros tempos, e destes não
podemos esquecer, fadados a perder uma das principais características do ser
Homem: somos diversos, e assim devemos permanecer.
Que possamos comemorar o tempo universal,
sistemático e homogêneo, tão necessário, mas não nos esqueçamos dos outros
tempos: o tempo cultural, o tempo litúrgico, nosso próprio tempo. Enfim, tanto
outros tempos existentes.