Pesquiso em jornais discursos sobre educação dos modos e costumes e a busca de modernização do Brasil durante a Primeira República, movimento refletidos também em Maceió, e aqui vou expor alguns resultados da pesquisa. No entanto não é demais lembrar que ideias e ações em história jamais se prendem a determinismos cronológicos.
Os jornais são neste período os principais meios de comunicação, desfilando discursos e discussões, modos e modelos, ditam regras de comportamentos e suas publicidades dão vez a departamentos tidos como modelos de modernidade.
É assim que em A TRIBUNA – órgão do Partido Republicano – de 10/01/1901 a Livraria Francino anuncia os Jornaes de Moda de 1901. No mesmo dia e jornal é anunciada com louros a publicação de A Estação com 450 páginas voltadas para moda, com gravuras, moldes, riscos e monogramas. Estas revistas devem se assemelhar a revistas de modas estrangeiras como a francesa LA MODE ILLUSTRADA anunciada juntamente com as brasileiras.
Os acessórios, tão em voga, não deixavam de serem vistos. Chapéus, encontrados juntamente com punhos, colarinhos e tudo que há de mais chic e moderno na casa de sugestivo nome PRIMAVERA são descritos no jornal GUTENBERG de janeiro de 1901 como NOVIDADES DO SÉCULO XX.
Os olhos do período voltam-se também para as deficiências da saúde pública, são os ecos de Chagas e Cruz chegando a Maceió. Em 1913 o pharmaceutico Cypriano Jucá, Secretário Sanitário faz público que os pais de filhos com menos de dois meses deveriam certificar o Serviço Sanitário para que eles fossem vacinados.
Os médicos particulares também tinham sua vez, por vezes com tratamentos tidos hoje como nada convencionais, como é o caso do Dr. David Ottoni, com formação e experiência no exterior, que em 1899 usa cocaína para dor nas operações das moléstias dos olhos.
A Diretoria de Serviço Sanitário responsável da saúde a segurança das moradias, limpeza de ruas e terrenos. Assim no DIÁRIO OFÍCIAL DO ESTADO de 1913 a diretoria proíbe que porcos sejam criados nos terrenos do centro do perímetro urbano. Neste mesmo dia, 04/01/1913, a Intendência Municipal dá prazo de 90 dias para construção de muros nos terrenos baldios do centro da cidade, baseando-se no art. 170 do Código de Postura Municipal, tais códigos de posturas estão na ordem do dia por todo Brasil neste período.
Há também os reclamantes, que com ares de modernos, não aceitam a falta de limpeza de ruas, requerem o embelezamento da cidade, para verem e serem vistos. Denuncias de falta de limpeza das ruas, aparecem, por exemplo, no citado A TRIBUNA de 1901, assim como o acumulo de lixo por mais de 15 dias nas calçadas. Mas há os que elevam a ornamentação e muitas praças bem cuidadas da cidade, apresentando ao “visitante com logradouros de cidade civilizada”.
Os jornais desse período apesar da reduzida tiragem ampliavam seus tentáculos e a reduzida tiragem não condiz com aqueles que têm acesso, como confirma Moacir de Sant’Ana, em A República em alagoas, através de empréstimos e de leituras dos poucos letrados para a grande multidão de analfabetos. Sendo assim as noticias de modernidade e os discursos modernizadores tinham grande alcance. É assim que o Brasil e Maceió vão se modernizando...
Israel Goulart – historiador
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